Estrutura da comunidade de abelhas em áreas verdes e a influência da paisagem na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ

Autor Orientador Instituição Programa Nível do Programa Data da defesa
Sônia Guimarães Alves Maria Cristina Gaglianone UENF Ecologia e Recursos Naturais Mestrado 18 de Julho de 2019
Descrição Livre Espécie Substância Química Localização
Fauna, Urbanização, Áreas verdes urbanas Apis mellifera, Trigona spinipes, Plebeia droryana NA Campos dos Goytacazes
Tags Trabalho completo
| Bioesfera | Infiltração | Evapotranspiração | Interceptação | Bioma | Social | Natural | Acessar
Resumo

Áreas urbanas são ambientes amplamente modificados, constituídas em grandeparte por solos impermeabilizados, vegetação nativa fragmentada ou suprimida, grande número de espécies exóticas, altas temperaturas e poluição. No entanto, as áreas verdes urbanas (AVUs), como praças, bosques e jardins, podem ser espaços amigáveis para as abelhas e funcionar como refúgios com condições de forrageamento e nidificação semelhantes ao seu habitat natural. As características antrópicas alteram a estrutura da comunidade de abelhas pela falta de recursos para alimentação e de locais de nidificação. O objetivo desse estudo foi descrever a estrutura da comunidade de abelhas em áreas verdes urbanas na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, e analisar a influência das paisagens sobre os parâmetros dessa comunidade. Entre novembro de 2017 e outubro de 2018 foram realizadas quatro amostragens em cada uma das 14 AVUs estudadas em Campos dos Goytacazes. As abelhas visitantes florais foram capturadas com rede entomológica por dois coletores, entre 7h e 13h, e as abelhas Euglossini com o uso de armadilhas com iscas aromáticas instaladas entre 7h e 11h. Os parâmetros da paisagem das AVUs e do entorno avaliados foram a cobertura de flores, o diâmetro à altura do peito (DAP) das árvores, a área impermeabilizada das AVUs e do entorno ea área de cobertura vegetal do entorno. As abelhas foram registradas em 84 espécies de plantas (33 arbóreas, 14 arbustivas e 37 herbáceas), das quais 46%são exóticas. A riqueza de plantas em florescimento por área variou entre sete e 18 espécies e valores medianos de DAP variaram entre 0,7 e 1,98cm. No total, 4342 abelhas de 41 espécies foram coletadas, sendo 82% com hábito de nidificação em cavidades preexistentes e 12% de escavação no chão; 80% das espécies de abelhas são generalistas quanto ao hábito de forrageioe 20% especialistas. As abelhas mais abundantes foram: Apis mellifera (38%), Trigona spinipes (20%) e Plebeia droryana (12%). A análise NMDS mostrou agrupamento de áreas com maior similaridade na composição de espécies de abelhas, influenciada pelas características das AVUs como grau de impermeabilização, DAP e proximidade geográfica. A abundância de abelhas foi positivamente relacionada com a riqueza de plantas (R²=0,318, p<0,001), a cobertura de flores (R²=0,452, p<0,05) e o DAP médio das árvores (R²=0,507, p<0,05). A influência da impermeabilização do entorno foi significativa quando relacionada com a guilda de abelhas que nidificam no solo (R²=0,359; p<0,05). A alta abundância de Apis mellifera e de Trigona spinipes segue padrão verificado em outros trabalhos em área urbana e pode ser explicada pelo comportamento eussocial destas espécies e hábito supergeneralista no uso de recursos. Os resultados desse estudo corroboram outras pesquisas que mostram a importância da riqueza de plantas e da abundância de recursos florais para a manutenção da comunidade de abelhas nas áreas verdes urbanas nas cidades. A presença de árvores e a disponibilidade de áreas de solo exposto também devem ser consideradas pelos projetos paisagísticos urbanos, a fim de garantir local de nidificação e recursos alimentares para possibilitar uma maior diversidade de abelhas em área urbanas.

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