Os Rios Paraíba do Sul e Itabapoana são importantes mananciais que cortam as regiões do Norte Fluminense, passando por áreas de atividades agrícolas, urbanas e industriais. O crescimento populacional acompanhado das atividades antrópicas tem resultado em um aumento da demanda de produtos industrializados, principalmente por compostos orgânicos emergentes que tem como principal destino final, os mananciais hídricos. A contaminação destes ambientes ocorre através da falta de saneamento básico e descarte sem tratamento de águas residuais e atividades desenvolvidas nas margens destes corpos hídricos, refletindo na qualidade da água captada para distribuição da população. Nesse sentido, esse estudo busca avaliar a presença de importantes compostos orgânicos (nonilfenol, atrazina, simazina, bisfenol A, 17-etinilestradiol, cafeína e triclosan) que apresentam maior ocorrência em águas naturais e representam maior impacto para o ambiente e/ou saúde humana. Esses compostos incluem fármacos, hormônios, agrotóxicos e contaminantes industriais. Para o monitoramento desses compostos orgânicos foi usada a técnica de Extração em Fase Sólida (SPE do inglês Solid Phase Extraction) e para análise, a Cromatografia a Gás acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS do inglês Gas Chromatography coupled to Mass Spectrometry). As amostras foram submetidas ao Teste de estrogenicidade YES para avaliar se pode haver risco no consumo desses compostos para a saúde humana. Os resultados mostraram que todos os compostos analisados foram detectados em pelo menos uma amostra, onde os mais frequentemente detectados foram Cafeína (75,0%), Nonilfenol (78,6%) e Bisfenol A (78,6%). A cafeína (marcador químico de contaminação por esgoto) apresentou concentrações variando entre (76,7 a 1.781,8 ng L-1). Com relação à atividade estrogênica, em 83% de amostras brutas do Rio Paraíba do Sul observou-se atividade estrogênica positiva com valores que variaram de 0,3 a 3,5 EQ E2 ng L-1. Em alguns casos, foram identificados valores maiores de potencial estrogênico em amostras de águas tratadas do que nas brutas, o qual pode estar relacionado à formação de subprodutos durante a etapa de desinfecção nas ETA. Sendo assim, este trabalho apresenta a alta ocorrência de compostos não legislados em águas de mananciais que não são eficientemente removidos após o tratamento e fazem da água potável, uma água que não está totalmente livre de contaminantes químicos. |