Os pesticidas organofosforados estão entre os mais utilizados atualmente, sendo o paration metílico (PME) um dos mais usados no Brasil e na região. Eles possuem como principal característica estrutural a presença de um fósforo pentavalente e como principal ação tóxica a inibição da AChE. Como eles vêm sendo detectados em águas naturais podendo se tornar um grande risco para o ambiente, se faz necessário estudar o comportamento dos mesmos nesses locais. Embora haja trabalhos que façam essa avaliação, a maioria realiza os testes em clima temperado, com águas naturais dessas regiões, apenas detectam os subprodutos formados e não fazem testes de toxicidade ao longo dos mesmos. Desta forma, esse trabalho estudou a degradação do PME em diferentes matrizes aquosas sob ação da radiação solar em ambiente de clima tropical, avaliando-se a toxicidade da solução frente ao teste de inibição da AChE e a formação do paraxon metílico (POM). Porém, antes da realização dos testes de degradação sintetizou-se o O,O-dimetil O-p-hidroxifenil tiofosfato (DHT) e comparou-se sua toxicidade com a do PME, do p-nitrofenol (PNF) e do POM. Almejava-se com esses procedimentos, entre outras finalidades, verificar se a proposta feita por Araujo (2006) da formação de um subproduto inédito da fotólise do PME estava correta. Os resultados obtidos nessa etapa mostraram que ela estava correta e que a ordem de toxicidade das substâncias era: PNF<DHT<PME<POM. Numa segunda etapa, foram realizados dois testes de degradação. O primeiro, foi feito utilizando-se soluções do PME (1,30 mg L-1) em água ultrapura com e sem ácidos húmicos expostas ao sol envolvidas ou não com papel alumínio e, o segundo, feito de forma similar, porém utilizando-se soluções do PME em água do rio Paraíba do Sul “in natura” e esterilizada. Os dados do experimento 1 mostraram que embora a fotólise indireta tenha contribuído significativamente para o desaparecimento do pesticida na solução, foi a fotólise direta o processo preponderante para levar à degradação do mesmo. Com relação à análise do POM e da toxicidade, os resultados mostraram que houve aumento da inibição da AChE das soluções em relação ao tempo inicial apenas quando as mesmas foram expostas diretamente a radiação solar. Também, somente nesses casos, o POM foi detectado e quantificado, chegando até concentrações de 15,1 e 20,3 μg L-1, respectivamente, nos 24o e 48º dias de exposição para as soluções aquosas com e sem ácidos húmicos. Nas mesmas condições, a inibição da AChE chegou à valores iguais a 60 e 70 %. Esses resultados indicam que há relação entre a formação do POM e o aumento da toxicidade da solução. Com relação ao experimento 2, os resultados obtidos no mesmo reforçaram a relevância da radiação solar na degradação do paration metílico em solução aquosa e, também, indicaram que, nas condições avaliadas, processos de degradação abióticos foram mais importantes para degradar o pesticida do que os bióticos. Para esse experimento, novamente o POM só foi detectado nas amostras expostas diretamente a radiação solar. Porém, para as soluções preparadas a partir da água do rio “in natura” ele foi detectado em baixas concentrações, máximo de 1,87 μg L-1 no 4º dia de exposição, o que não levou a um acréscimo na inibição da AChE com relação ao tempo inicial. |