O presente trabalho se propõe a estudar a condição feminina na atividade da pesca artesanal em Quissamã /RJ. O município pertencia a Macaé e emancipou-se em 1989 e está localizado na região Norte do Estado do Rio de Janeiro. Possui um único distrito sede, ocupando uma área total de 712,9 quilômetros quadrados. A pesca artesanal é uma atividade econômica secular que perpassa gerações. Sua prática é fortemente marcada pela presença masculina, entretanto a presença feminina sempre aconteceu. Estudos e pesquisas têm mostrado uma crescente tentativa de viabilizar os trabalhos que as mulheres executam nas atividades da cadeia da pesca nos mais variados papéis. Os objetivos dessa pesquisa consistem em analisar os espaços que elas ocupam e como constituem suas rotinas laborais, focalizando no mundo da pesca artesanal enquanto sujeitos de direito. Como objetivos específicos que orientam a pesquisa, têm-se: i) identificar como as mulheres que atuam na atividade pesqueira se apropriam do trabalho; ii) verificar que posições elas exercem nesse contexto; iii) observar os papéis por elas desempenhados; e por fim, iv) descobrir a percepção construída por essas mulheres a partir de suas atividades. Após a fase preliminar de estudo bibliográfico e de consolidação do marco teórico e suas categorias de análise, foi desenvolvido o trabalho de campo que coletou dados primários a partir das técnicas de observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. Esta pesquisa buscou ser uma contribuição aos estudos relacionados às mulheres que atuam na atividade pesqueira, em especial às que atuam em municípios do Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas que são consideradas sujeito privilegiado no projeto de Pesquisa “Mulheres na Pesca”. Esta dissertação indagou como elas se percebem no cenário da pesca artesanal, como identificam sua realidade e lutam ou não pelo seu reconhecimento e emancipação social. Apesar de algumas ações coletivas e pequenos avanços registrados, o bem-estar social dessas mulheres se evidenciou comprometido estruturalmente pelo enraizamento de uma lógica dominante excludente num cenário complexo para democratização das relações de poder e melhoria das condições as quais estão inseridas. Em definitiva, dar visibilidade e reconhecimento ao trabalho feminino deste setor produtivo consiste, dentre outras tarefas pendentes, em promover uma reflexão sobre os lugares de gênero que essas mulheres ocupam enquanto pescadoras e como esses se legitimam. |