Nesta dissertação são analisadas as políticas do governo municipal para o setor
canavieiro em Campos dos Goytacazes, que utilizam recursos provenientes dos royalties do
petróleo. Serão estudadas tanto as políticas públicas voltadas para a dinamização da lavoura
canavieira como, também, aquelas direcionadas para a implantação ou modernização de
indústrias que utilizam a cana-de-açúcar para a fabricação de diversos produtos (açúcar,
etanol e solventes, entre outros). Nesse sentido, a pesquisa teve sua atenção focada nos
programas e projetos financiados pelo Fundo de Desenvolvimento de Campos (FUNDECAM)
nas duas últimas gestões (2001-2008). Assim, a pesquisa poderá fornecer subsídios para a
identificação e melhor compreensão das potencialidades e limitações apresentadas pelo setor
agroindustrial sucroalcooleiro de Campos dos Goytacazes nos próximos anos.
Este trabalho teve como uma das principais estratégias para coleta de dados, a
obtenção, sistematização e análise dos relatos orais de atores diretamente relacionados à
produtividade canavieira regional. Foram entrevistados proprietários de indústrias de açúcar e
álcool, os “usineiros”; trabalhadores e representantes de sindicatos de trabalhadores da
indústria e agricultura canavieira; membros das associações e cooperativas de produtores de
cana; funcionários do poder público municipal e estadual, entre outros.
Dessa forma, a partir da percepção dos atores diretamente envolvidos nesta atividade,
juntamente com o estudo de outras fontes tais como bibliografia temática, jornais locais e
material de divulgação institucional, obteve-se alguns resultados referentes ao estado da
atividade canavieira em Campos-RJ e os investimentos dos royalties na mesma, nos anos
iniciais do século XXI.
Campos-RJ, embora seja considerado o segundo município que mais produz cana no
país, possui um rendimento médio correspondente a quase metade da média de produtividade
nacional. Da mesma forma, as produções de açúcar e álcool possuem defasagens: não apenas
o município de Campos, mas considerando-se todo o Estado do Rio de Janeiro, a produção de
álcool não atinge a 10% da demanda interna do próprio estado; e, quanto à produção de
açúcar, esta não apresentou uma diversificação (produz-se somente o “açúcar cristal”) e parte
deste produto consumido no próprio estado, é comprado de outras regiões produtoras.
No que se refere aos investimentos dos recursos dos royalties petrolíferos arrecadados
por Campos-RJ na agroindustrial canavieira, via FUNDECAM, foram constatados na região:
o programa de revigoramento da cana-de-açúcar (FUNDECANA); a recuperação da antiga
Usina São José pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (COAGRO); o
financiamento de indústrias pioneiras no ramo da produção de derivados de cana (a HC
Sucroquímica e a Policam Biotecnologia); entre outros.
Destaca-se, por fim, que, apesar de ter diminuída sua importância para a economia
municipal em relação à décadas passadas, o setor produtivo canavieiro ainda conserva alguns
“prestígios” quando comparado à outras culturas agrícolas do município. As associações e
cooperativas de produtores (tanto agrícolas quanto industriais) possuem autonomia para
conduzir seus próprios programas e contam, ainda, com a presença de representantes inseridos
nos quadros administrativos do poder público municipal. |