Quixaba é uma localidade rural onde a maioria dos residentes economicamente ativos dependem de maneira significativa da pesca artesanal, da confecção de esteiras e da pequena agricultura. Entretanto, a implantação do Complexo Portuário do Açu e do Parque Estadual da Lagoa do Açu tem acarretado mudanças no tecido socioambiental e no território físico da região compreendendo Quixaba. Utilizando dados primários gerados através de ampla observação participante e do grupo focal, o presente estudo busca investigar a presença de mudanças socioeconômicas em Quixaba, assim como suas articulações com políticas de desenvolvimento e forças econômicas nos níveis regional, estadual, federal e global. Os resultados indicam que há um processo de desapropriação de água e terras em curso na área de estudo e que este cenário está consistente com uma tendência mundial caracterizada pela adquisição de paisagens hídricas, ativos de recursos naurais e material genético por conglomerados econômicos e grupos sociais poderosos. Utilizando Quixaba como modelo, no intuito de aprofundar conhecimentos sobre o complexo funcionamento deste processo, o trabalho investiga a ruptura dos sistemas sociais que gerenciavam o sustentável uso dos recursos naturais de uso comum na localidade, a resultante comodificação dos seus recursos naturais, do trabalho e do conhecimento e a sistemática desapropriação de territórios hidrológicos na região com a ativa participação do Estado. |