Participação social e ação coletiva: a construção do capital social entre os pescadores artesanais do litoral norte do estado do Rio de Janeiro

Autor Orientador Instituição Programa Nível do Programa Data da defesa
Diego Carvalhar Belo Vitor de Moraes Peixoto UENF Sociologia Política Doutorado 20 de Abril de 2018
Descrição Livre Espécie Substância Química Localização
Pesca, Trabalho, Participação coletiva NA NA Campos dos Goytacazes, São João da Barra, São Francisco de Itabapoana, Macaé, Quissamã, Cabo Frio, Arraial do Cabo
Tags Trabalho completo
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Resumo

Esta tese tem como principal interesse investigar os dilemas da ação coletiva presentes nas comunidades pesqueiras de municípios confrontantes à Bacia Sedimentar de Campos, como forma de identificar os elementos de inibição da ação cooperativa. Utilizou-se para análise destes elementos variáveis que medem o acúmulo de capital social nestas comunidades. Assim, o objetivo principal desta tese é diagnosticar e caracterizar o capital social das comunidades pesqueiras, compreendendo os níveis de participação social dos pescadores, identificando as redes sociais existentes entre os pescadores, os níveis de confiança interpessoal e com as organizações e grupos sociais que interferem na organização social da pesca. Deste modo, este trabalho pretende avançar no estudo da organização social da pesca de importantes municípios confrontantes à Bacia Sedimentar de Campos, no litoral do estado do Rio de Janeiro. A metodologia empregada neste estudo consistiu no uso de dados quantitativos extraídos do Censo da Pesca, realizado pelo Projeto PEA-Pescarte. O estudo utilizou também de dados qualitativos gerados a partir de grupos focais realizados com os pescadores pelo Projeto PEA-Pescarte e de uso de entrevistas semiestruturadas realizadas junto a pescadores que se destacam nas comunidades pela intensa participação nas organizações sociais da pesca. Os resultados apontam para ausência de uma cultura da participação em que pese o alto grau de confiança depositado nas organizações pesqueiras, como a Colônia. Deste modo, os achados empíricos relativos ao associativismo da pesca da Bacia Sedimentar de Campos atestam que as Colônias e Associações não são espaços democráticos de participação, que promovam a inclusão dos pescadores nos processos decisórios. Outrossim, a definição de capital social que vincula confiança, associação e eficiência não pode ser aplicada no contexto social da pesca, visto que a confiança, expressa em certas instituições como a colônia, não se traduz em maior participação. Na maioria dos casos, esta população possui com as organizações sociais uma relação clientelística. Ademais, em que pese à propagação de associações na pesca, a parcela de pescadores não integrados é alta em razão da falta de condições objetivas de alcançar tal integração e pela baixa disposição para participar. Percebe-se uma ausência de solidariedade cívica e um comportamento que se assemelha ao comportamento típico do “familismo amoral”. A analogia com o termo se sustenta visto que todo empreendimento coletivo dos pescadores está restrito à esfera privada em razão dos altos custos existentes na generalização de iniciativas coletivas, devido às precariedades materiais que impedem os pescadores de alcançar a integração social.

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