A presente dissertação tem como temática central discutir de que forma a retórica do risco potencializa um discurso normativo de gestão e planejamento urbano em nome do discurso “ambiental”. Trata-se de um estudo que representa o esforço de fundamentação metodológica e epistemológica ainda em construção. O trabalho traz como base empírica algumas reflexões sobre a produção das práticas
socioespaciais das famílias removidas das “áreas de risco” em Ururaí, Campos dos
Goytacazes. Entende-se que a problemática acerca da noção de risco ganha
relevância nos debates da questão ambiental contemporânea, com destaque para
as políticas habitacionais e nos discursos oficiais do governo. Percebe-se que existe
um jogo político e conflituoso dentro do próprio campo ambiental, ao transferir as
famílias em nome de “risco” ambiental para moradias em locais segregados e
precários de infraestrutura urbanística produzindo, assim, novas vulnerabilidades
(riscos sociais). E ao dar “legitimidade” para a construção de um loteamento a
jusante (com slogan “áreas verdes”). É nesta gama que a pesquisa conduziu à
construção de uma base argumentativa, metodológica e analítica que auxiliou o
entendimento de: a) diferentes visões de “risco” e “natureza” dos gestores
associados às políticas urbanas de Campos (Defesa Civil, habitação e urbanismo); e
b) a percepção de “risco” das famílias removidas e realocadas nas unidades do
Programa “Morar Feliz”. Para responder à estas questões, o caminho percorrido
contou com o campo da Ecologia Política Urbana e Geografia Ambiental, que
permitiu a compreensão da cidade como híbrido. Desta forma, pareceu-se que o
discurso ambiental é apropriado pelas políticas públicas urbanas para tornar a
cidade mais funcional para o capital. |