A necessidade de compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a conservação da qualidade ambiental faz parte de um processo de sensibilização iniciado no final da década de 60 e amplamente discutido até hoje. Realizar a prática da coleta seletiva no dia a dia garante que diversos materiais possam ser recuperados, reciclados e retornados a cadeia produtiva. Os resíduos orgânicos representam cerca de 50% do material descartado no Brasil, e sua destinação é realizada de maneira inadequada, uma vez que poderiam ser reciclados, dando origem a fertilizantes orgânicos de qualidade. O fertilizante desempenha importante papel no ciclo de nutrientes, enriquecendo a biodiversidade do solo e contribuindo para a sustentabilidade local.
Neste sentido, a primeira etapa deste projeto teve por objetivo promover a intensificação da coleta seletiva por meio da educação ambiental de colaboradores em uma empresa situada no Porto do Açu, em São João da Barra, região Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, de modo a identificar os tipos de resíduos gerados pela empresa para que pudessem ser priorizadas as destinações ambientalmente adequadas. Foram implementadas melhorias de infraestrutura, identificação e comunicação visual, treinamentos, além da aplicação de uma metodologia ativa para acompanhamento dos resultados. A coleta seletiva possibilitou a identificação dos tipos de resíduos gerados, o aumento da quantidade de recicláveis segregados na fonte e a identificação da composição dos mesmos. No segundo artigo, foi proposto a produção de fertilizantes por meio da compostagem de resíduos orgânicos, um dos principais tipos de resíduos identificados na primeira etapa deste estudo, para que fossem aplicados nos plantios de espécies nativas do programa de recomposição de restinga da RPPN Fazenda Caruara. Foi definido um método de compostagem, realizada a análise de viabilidade de implantação de uma unidade de baixo custo, instalada e realizada a produção controlada do fertilizante. Foi realizada a caracterização química do fertilizante produzido e do de uso convencional nos plantios da RPPN, caracterizado o solo da região para verificar sua necessidade em termos de nutriente e um teste experimental com plantio de mudas nativas utilizando ambos os fertilizantes para monitoramento de parâmetros indicadores de desenvolvimento das plantas em campo. Foram obtidos 1.500 kg de fertilizante após 11 meses de produção, as análises químicas dos fertilizantes indicaram concentrações satisfatórias de nutrientes, principalmente, dos parâmetros N, P, K, Fe, Mn, Carbono Orgânico, MO e relação C/N. O solo apresentou baixos teores de macro, micronutrientes e matéria orgânica. Com relação ao desenvolvimento das mudas em campo, a altura do caule e número de folhas, responderam melhor com o uso do novo fertilizante. |