A utilização de compostos orgânicos sintéticos tem causado muitos problemas
de contaminação ambiental ao longo da História. Estes compostos passam a ser
considerados poluentes quando persistem por muito tempo no ambiente, possuem
toxicidade alta para o meio e a biota e estão presentes em concentrações acima dos
limites considerados seguros. Muitos compostos orgânicos tiveram seu uso proibido
devido a estes efeitos, porém os resíduos destes compostos ainda persistem no
ambiente, principalmente em solos e sedimentos. O Rio Paraíba do Sul (RPS), corta
três estados da região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), deságua
no norte do estado do Rio de Janeiro, e tem sido vítima de muitos acidentes
ambientais com poluentes orgânicos, além de receber efluentes urbano-industriais e
agrícolas ao longo de percurso. Assim sendo, o diagnóstico ambiental do RPS pode
proporcionar uma avaliação de sua qualidade ambiental, como conseqüência de
ações do passado e do presente. A fim de conhecer os níveis de alguns poluentes
orgânicos persistentes neste ambiente, este trabalho analisou compostos
organoclorados, como PCBs, DDT/DDD/DDE e Drins – e agrotóxicos com utilização
mais intensa em períodos recentes – como paration metílico e endosulfan – em
amostras de sedimentos coletadas no RPS nas proximidades da cidade de Campos
dos Goytacazes/RJ; nos estuários primário e secundário, bem como em amostras de
sedimento marinho da sua foz. As amostras foram submetidas às análises de
granulometria e elementar, e os compostos orgânicos foram analisados após
extração utilizando cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas
(CG-EM). Compostos como Paration, Endosulfan, DDT e análogos e Drins não
foram determinados, dentro do limite de quantificação do método analítico nos
ambientes analisados. Já a presença de PCBs foi detectada em concentrações que
variam de 0,91 µg.kg-1 (estuário) até 151,12 µg.kg-1 (Foz). Estes valores são considerados baixos tendo por base os critérios de qualidade de sedimentos (CQS)
estabelecidos pelo NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), que é
a fonte de informações mais utilizadas para CQS por pesquisadores, inclusive no
Brasil. A ausência dos demais compostos também pode ser resultado das
características do próprio sedimento, que são na maior parte arenosos e com baixa
quantidade de carbono orgânico, e devido ao dinamismo dos locais de coleta.
Apenas as amostras do RPS mostraram alguma relação com a quantidade de
carbono orgânico e granulometria, principalmente no estuário. No entanto, os
resultados de PCBs mostram a existência de diferentes fontes de contaminação
ambiental, o que pode ser prejudicial ao desenvolvimento de todo o ecossistema.
Também foram analisadas amostras de água coletadas durante e depois de um
acidente ocorrido em novembro de 2008 que lançou toneladas do composto
endosulfan no rio Paraíba do Sul. Os resultados mostraram que as concentrações
encontradas para este poluente foram de 0,1499 µg.L-1 para a amostra coletada
durante o acidente, e 0,0003 µg.L-1 para a amostra coletada após o acidente. A
concentração obtida na última coleta mostra a rápida recuperação do corpo
aquático, porém ainda acima dos critérios de qualidade de água estabelecidos pelo
NOAA para este composto, o qual é muito tóxico para o ecossistema aquático. |