O conhecimento etnocientífico tem sido importante no reconhecimento dos valores das comunidades tradicionais. As populações tradicionais são consideradas grupos culturalmente diferenciados, utilizando seus conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição. O objetivo do primeiro artigo foi realizar uma revisão de literatura acerca dos estudos desenvolvidos em diferentes populações tradicionais brasileiras e seu conhecimento local sobre os solos, buscando identificar e sistematizar aspectos teórico-metodológicos. Devido à natureza multifacetada destas organizações socioespaciais foram agrupados nesta pesquisa, estudos realizados com as populações tradicionais de agricultores, indígenas, quilombolas, geraizeiros e faxinalenses. O resultado deste trabalho sugere que a abordagem metodológica pode contribuir para formalização do conhecimento local dos solos como as práticas de manejo do solo, classificação, comparação e avaliação das terras. Nesta relação conhecimento local e conhecimento científico contribuem em especial para a construção de conhecimentos compartilhados para o fortalecimento de iniciativas voltadas para uma nova relação entre as pessoas e uma relação homem e ambiente mais sustentável. O objetivo do segundo artigo foram identificar os atributos e indicadores locais de qualidade de solo utilizados pelos agricultores quilombolas da Fazenda Machadinha no Município de Quissamã/RJ, fornecendo dados e resultados com o intuito de fortalecer o diálogo entre saberes e permitir a consolidação sobre a qualidade do solo daquela região. A qualidade do solo como indicador foi avaliado através do método de pesquisa participativa com entrevistas onde os agricultores expressaram seus conhecimentos com dialogo aberto proposto e aplicado na presente pesquisa. Sua base teórica esta fundamentada na análise integrada de um conjunto mínimo de atributos físicos, químicos, biológicos e visuais do solo indicadores de sua qualidade. Os resultados encontrados mostraram que utilizando a pesquisa participativa com entrevistas e dialogo aberto, os agricultores expressaram seus conhecimentos e suas percepções sobre o solo, destacando e diferenciando os solos bons e solos ruins. |