A região do município de São João da Barra-RJ passa por profundas alterações em seu território devido à implantação do empreendimento de grande porte, o Complexo Logístico e Industrial do Porto do Açu (CLIPA), que possuirá o maior porto das Américas. Estima-se, segundo o Relatório de Impactos Ambientais do Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB), que a vazão de água captada para o abastecimento do distrito será de 10m3.s-1. Destaca-se, então, a importância da gestão e do monitoramento dos recursos hídricos nessa região, principalmente no intuito da preservação qualitativa e quantitativa deles. Nessa dissertação, buscou-se avaliar a qualidade e usos das águas subterrâneas em distritos rurais do município de São João da Barra que não recebem água tratada através de rede de distribuição e das águas das cisternas comunitárias, que são abastecidas com água tratada por meio do poder público municipal. Foram realizadas análises físico-químicas e microbiológicas das águas utilizadas pelas localidades em estudo – Vila Abreu, Palacete, Pipeiras e Vila da Terra - e foi aplicado questionário semi-estruturado para obtenção de dados socioeconômicos dos moradores. Foi realizada, ainda, avaliação da qualidade das águas da Lagoa do Taí quanto à balneabilidade. Quanto às características socioeconômicas e ambientais, destaca-se a pouca renda e baixa escolaridade dos entrevistados, a não capacitação para inserção no mercado de trabalho para as vagas que serão geradas nas atividades do CLIPA e o uso das águas da Lagoa do Taí para fins recreativos e para a pesca artesanal. Quanto à qualidade das águas de poços e cisternas, ressalta-se a contaminação por coliformes totais e termotolerantes, além da presença de íons ferro e manganês. Espera-se que os resultados dessa pesquisa sirvam de subsídios para tomada de decisão nos aspectos relacionados à distribuição de água tratada aos moradores de comunidades rurais bem como em ações visando à preservação da qualidade das águas subterrâneas e da Lagoa do Taí.