O mundo globalizado, dentre suas diversas características, destaca-se pela prática que prioriza a agilidade nas conexões que transportam bens ou serviços. Boa parte dessa lógica tem os portos como elemento essencial ou integrante dessa rede. A atividade portuária impacta diretamente o meio ambiente em que se insere. Sua implantação implica em inevitáveis modificações do ambiente, como alterações da morfologia de costa, supressão de vida animal e vegetal, aparecimento de outras vidas animais estranhas no ambiente, poluição, dentre outras. Como os portos se instalam em áreas costeiras e essas áreas, muitas vezes, abrigam comunidades que dependem da prática da pesca artesanal para sua sobrevivência, os impactos gerados por estas atividades acabam afetando a atividade de pesca nestas regiões. A implantação do Complexo Portuário do Açu, no município de São João da Barra, promoverá uma profunda mudança no ambiente e na vida das comunidades circunvizinhas ao Complexo, afetando principalmente os pescadores artesanais da região. A atividade pesqueira no município é muito difundida e a região se configura pela riqueza de recursos pesqueiros e a utilização de artefatos diversos de pesca. Muitos pescadores terão sua rotina de trabalho completamente alterada e prejudicada, afetando assim, a atividade fonte de sustento de toda uma comunidade. O presente trabalho teve como objetivo geral identificar os potenciais conflitos na implantação do Complexo Portuário do Açu envolvendo a comunidade pesqueira artesanal da região, com o emprego uma metodologia participativa, de forma a favorecer a identificação de alternativas de ação representativas, baseada no estabelecimento de canais de comunicação entre representantes de vários segmentos da sociedade. O levantamento de dados indica que os principais conflitos envolvendo a implementação do empreendimento e a atividade da pesca na região pode ser consequência de um diagnóstico deficiente realizado sobre a atividade pesqueira da região. Os maiores problemas e conflitos identificados foram: proibição da atividade da pesca próximo ao local das obras, falta de sinalização, afugentamento dos peixes, falta de acompanhamento de representantes do empreendimento junto aos pescadores. Observa-se que somente um plano de ação bem estruturado permitirá a gestão dos recursos de maneira menos conflituosa, possibilitando assim uma maior harmonização entre as duas atividades. |