As alterações na cobertura vegetal, a estrutura da vegetação e a produção de
serapilheira foram estudadas no manguezal do estuário do rio Paraíba do Sul,
Estado do Rio de Janeiro, Brasil. O mapeamento realizado por meio de imagens de
satélite Landsat demonstrou uma perda de 20% na área de cobertura do manguezal
entre os anos de 1986 (912 ha) e 2001 (725 ha), que foi atribuída à erosão e
deposição acelerada de sedimentos, implantação de pastagem e crescimento
urbano. A classificação supervisionada reconheceu três classes de mangue. Para o
estudo da estrutura da vegetação utilizou-se o método de parcelas. A análise da
estrutura da vegetação indicou a ocorrência de processos sucessionais na
comunidade. Considerando-se os indivíduos > 1 m de altura, a altura média variou
de 4,8 a 14,5 m, o DAP médio de 2,6 a 23,5 cm, a área basal de 8,8 e 46,4 m2
.ha-1 e
a densidade de troncos e indivíduos de 486 a 36.400 troncos.ha-1 e 138 e 30.000
ind.ha-1, respectivamente. Houve maior contribuição em área basal na classe de
diâmetro > 10,0 cm, indicando o bom desenvolvimento estrutural das florestas.
Avicennia germinans (L.) Stearn. foi a espécie dominante em área basal (53%),
seguida por Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. (28%) e Rhizophora mangle L.
(19%). Não houve padrão de zonação definido das plantas de mangue. A
classificação supervisionada e a estrutura da fitocenose indicaram que a competição
interespecífica pode estar influenciando a distribuição espacial das plantas de
mangue na área estudada, uma vez que florestas de L. racemosa são gradualmente
substituídas por A. germinans e/ou R. mangle. A produção total de serapilheira nos
anos de 2005 e 2006 foi superior em R. mangle, seguida por A. germinans e L.
racemosa (4,26±2,84; 3,59±3,18 e 3,58±2,91 g.m-2.dia-1, respectivamente), mas não
variou entre os anos analisados. Para as três espécies, a fração folhas foi o principal
componente da serapilheira (52-66%), seguida por frutos, madeira, flores e resto. A
produção de serapilheira foi sazonal, com maiores valores no período chuvoso. Não
houve relação entre produção de serapilheira e estrutura da vegetação. A relação
entre a produção total e as variáveis ambientais pluviosidade, temperatura média do
ar e velocidade do vento foi baixa. Os valores observados encontram-se dentro da
faixa reportada para outros manguezais tropicais e subtropicais. |