Evolução de estratégias reprodutivas e taxas de divergência em populações de Poecilia vivipara (Teleostei, Poeciliidae) na planície quartenária da região norte fluminense

Autor Orientador Instituição Programa Nível do Programa Data da defesa
José Louvise Gomes Júnior Leandro Rabello Monteiro UENF Ecologia e Recursos Naturais Doutorado 18 de Dezembro de 2008
Descrição Livre Espécie Substância Química Localização
Fauna, Lagoa Poecilia vivipara (Teleostei, Poeciliidae) (Animal) NA Campos dos Goytacazes, São João da Barra
Tags Trabalho completo
| Bioesfera | Hidrosfera | Escoamento superficial | Evapotranspiração | Rede hídrica | Bioma | Natural | Acessar
Resumo

A teoria da história de vida procura explicar através da análise de estratégias reprodutivas, como uma população se adapta a condições ambientais específicas. As características da história de vida ( idade e tamanho de maturação, investimento reprodutivo, sobrevivência e fecundidade) recebem influência intrínseca, como restrições genéticas e permutas adaptativas, e extrínseca como impactos ecológicos que atuam diretamente sobre a sobrevivência e fecundidade dos indivíduos. O peixe guaru (Poecilia vivipara) é amplamente distribuído nas lagoas da Região Norte Fluminense e sua tolerância a extremos ambientais é proporcionada pela variação morfológica e reprodutiva entre as populações. As lagoas da Região Norte Fluminense foram formadas recentemente (máx. 4000 anos) e caracterizam-se por estarem sujeitas à influência da salinidade na composição vegetal e ictiofaunística. As lagoas com maior salinidade apresentam margens sem macrófitas e populações reduzidas de peixes piscívoros (predadores de P. vivipara). Os locais com baixa salinidade são caracterizados por apresentarem macrófitas em suas margens e pela alta densidade de peixes piscívoros. O objetivo principal deste trabalho é analisar a evolução das estratégias reprodutivas e as taxas de divergência em populações de Poecilia vivipara na planície quaternária da Região Norte Fluminense, testando hipóteses relacionadas aos processos evolutivos e à adaptação das populações aos extremos ambientais encontrados na região. Os espécimes foram capturados em 12 locais (8 lagoas) e de cada população foram amostradas aleatoriamente 100 fêmeas em idade reprodutiva. Neste estudo foram medidos o tamanho corporal foi determinado como o tamanho do centróide (uma variável geométrica de tamanho generalizado) ou alternativamente como o peso seco dos indivíduos, a fecundidade (número de embriões), tamanho dos embriões e o investimento reprodutivo (proporção do peso da fêmea determinada pelo peso da ninhada). Os resultados mostraram que as populações variam significativamente nos parâmetros reprodutivos, sendo que os indivíduos de locais com maior salinidade, em geral apresentam maiores tamanhos corporais, maior fecundidade, maiores embriões e menor investimento reprodutivo. As populações apresentam diferentes estratégias reprodutivas influenciadas diretamente pelos gradientes ambientais. Um experimento foi realizado, onde peixes provenientes de lagoas com diferenças ambientais extremas (salinidades: 0 ppm na Lagoa do Campelo e 30 ppm na Lagoa do Açu) foram criados em ambiente comum. Este permitiu a determinação da base genética da permuta entre reprodução e crescimento. Mesmo sendo criados em água doce, os indivíduos provenientes da lagoa com água salgada apresentaram maior taxa de crescimento, maior idade de maturação e maior tamanho corporal final. Uma comparação dos padrões de divergência observados em laboratório e na natureza sugeriu a existência de efeitos plásticos relativos à salinidade e efeitos genéticos, provavelmente causados por diferenças na pressão de predação nos extremos ambientais (menor predação em água doce). A recente história geológica das lagoas possibilitou o cálculo de taxas de divergência para as características reprodutivas e de crescimento. A comparação das taxas observadas com as esperadas de acordo com um modelo de evolução por deriva genética permitiu inferir a seleção direcional como principal mecanismo evolutivo durante a divergência de estratégias reprodutivas de P. vivipara colonizando diferentes ambientes nas lagoas da Região Norte Fluminense.

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