O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade de degradação do petróleo e
de produção de biossurfactantes, além de demonstrar a dinâmica da comunidade
bacteriana do sedimento de dois manguezais, com diferentes características físicoquímicas e históricos de contaminação por petroderivados, durante o processo
degradativo do óleo in vitro. Duas amostras de cada manguezal foram analisadas
quanto à quantidade de HPAs, salinidade, pH, granulometria e teores de Corg e N. As
amostras foram incubadas com 2% de petróleo submetidas à contagem de bactérias
heterotróficas totais e degradadoras de petróleo a cada 7 dias, durante 28 dias e,
novamente, após a degradação visual do poluente, aos 150 dias, até 178 dias de
experimento. Alíquotas do sedimento foram obtidas nos dias 0 (antes da inserção do
petróleo), 7, 14, 21, 28, 60, 90, 120 e 150 para avaliação da diversidade bacteriana
pela técnica de T-RFLP. Após a adição do contaminante, observou-se um aumento
significativo da contagem de bactérias heterotróficas totais, causado pelo
crescimento de linhagens degradadoras. A presença do poluente também estimulou
o crescimento de bactérias com capacidade de produzir biossurfactantes em todas
as amostras analisadas, confirmando a capacidade degradativa das bactérias
autóctones. A análise de T-RFLP demonstrou que, antes da incubação com o
petróleo, as amostras do manguezal de Gargaú apresentaram maior diversidade
bacteriana do que o da Baía de Guanabara. Após 7 dias de experimento, houve
redução da diversidade para três das amostras analisadas, enquanto uma delas
apresentou aumento da diversidade bacteriana, sugerindo que os fatores ambientais
são determinantes para o crescimento bacteriano na presença do petróleo. Foi
possível notar a presença de filotipos sensíveis e resistentes à toxicidade do
petróleo, possibilitando a seleção de bactérias de interesse biotecnológico, com
capacidade de utilizar este poluente como fonte de carbono para o seu crescimento.
Não foi possível detectar um padrão quanto à composição de filotipos e mudança da
diversidade, no entanto, aparentemente houve um padrão de sucessão de filotipos
que se dividiu em fases, que provavelmente, se relacionam ao estado de
degradação do petróleo. |