O estudo avalia a sustentabilidade da extração do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), no manguezal do estuário do Rio Paraíba do Sul, norte do estado do Rio de Janeiro, por meio de aspectos biológicos da espécie e características extrativas da região. Trinta e cinco entrevistas foram realizadas com catadores de caranguejo-uçá nas comunidades de Atafona (n= 5) e Gargaú (n= 30) para mensurar a sustentabilidade de um sistema produtivo - Sistema Rio Paraíba do Sul (Sistema RPS) - através da metodologia MESMIS (‘Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo de Recursos Naturales incorporando Indicadores de Sustentabilidad’). O conhecimento ecológico local dos catadores a respeito do manguezal e a importância dos serviços ambientais proporcionados pelo ecossistema também foram analisados. A extração do caranguejo-uçá na região é realizada por homens e mulheres com idade entre 20 e 67 anos e renda média mensal do entrevistado inferior a um salário mínimo federal. A conservação do manguezal e do ambiente no seu entorno é percebida pelos entrevistados como uma atitude importante e individual. Os catadores reconhecem o papel ecológico do caranguejo-uçá e os serviços ambientais prestados pelo manguezal, com ênfase nos recursos com valor de uso direto. Dez indicadores foram desenvolvidos para avaliar os aspectos social, econômico e ecológico relacionados a sustentabilidade desta atividade extrativa. Todos os indicadores apresentam valores abaixo do ideal, com Índice Relativo de Sustentabilidade de 47%. Isso demonstra que a extração do caranguejo-uçá não é realizada de maneira sustentável na região. Os indicadores desenvolvidos podem ser aplicados a outros sistemas pesqueiros e utilizados pelos próprios agentes da comunidade na avaliação da sustentabilidade.