Este trabalho teve como objetivos apresentar um estudo comparativo da fenologia
de florescimento, biologia floral e visitantes florais de Passifloraceae em fragmentos
florestais e áreas de cultivo de maracujá-amarelo no norte fluminense. As espécies
nativas estudadas foram Passiflora alata, Passiflora suberosa, Passiflora
malacophylla, Passiflora kermesina e Mitostemma glaziovii. A espécie nas áreas de
cultivo foi Passiflora edulis f. flavicarpa (maracujá-amarelo). Todas as espécies
possuem antese diurna e flores com duração de um dia. Com exceção de M.
glaziovii que floresceu na estação seca, as demais espécies floresceram na estação
chuvosa e P. edulis f. flavicarpa apresentou dois picos de florescimento, em
dezembro e abril. P. alata, P. suberosa, P. malacophylla e P. edulis f. flavicarpa são
polinizadas exclusivamente por abelhas, P. kermesina por beija-flores (Trochilidae) e
a espécie de borboleta Heliconius ethila narcaea e M. glaziovii por lepidópteros e
abelhas. Com exceção de M. glaziovii, as demais Passifloraceae curvaram os
estiletes, P. edulis f. flavicarpa e P. alata apresentam flores que curvam e que não
curvam os estiletes, sendo as últimas funcionalmente masculinas. Xylocopa frontalis
e Xylocopa ordinaria foram os mais efetivos polinizadores do maracujá-amarelo pela
freqüência de visitas e comportamento intrafloral. Estas espécies de abelhas, além
da Apis mellifera, estiveram presentes em todas as áreas de cultivo. A maior riqueza
de visitantes polinizadores do maracujá-amarelo foi observada em áreas do
maracujá-amarelo próximas a fragmentos florestais, fato relacionado à presença de
certos grupos de visitantes florais como Centridini e Euglossini (Apidae) que
dependem de áreas florestais para nidificação e alimentação. A melitofilia foi à
síndrome de polinização predominante para as espécies estudadas nos fragmentos
florestais. Algumas espécies de visitantes florais são compartilhadas entre plantas
nativas e a cultivada, principalmente as abelhas das tribos Xylocopini, Euglossini e
Centridini. A necessidade de preservação das espécies polinizadoras importantes
tanto para a flora nativa como para espécies de grande valor econômico da região
norte fluminense deve ser iniciada com a maior proteção dos fragmentos florestais. |