Estudos pretéritos em H. malabaricus revelaram a existência de contaminação ambiental
por mercúrio em lagoas da região norte Fluminense, onde a lagoa do Campelo apresentou
maiores concentrações de Hg no tecido muscular e hepático, enquanto a lagoa de Cima
apresentou as menores concentrações deste metal. O objetivo deste estudo foi caracterizar
as alterações sofridas pelo tecido nervoso de H. malabaricus frente à contaminação
ambiental pelo Hg, avaliando a utilização deste tecido como bioindicador da
contaminação por este metal. Amostras do tecido nervoso central foram coletadas e
preparadas para microscopia de luz e eletrônica de transmissão e para a determinação de
Hg total, além do tecido nervoso, também foram amostradas alíquotas de tecido
muscular. Na lagoa de Cima, a concentração média de Hg no tecido muscular foi de
273,2 µg.Kg-1 e no tecido nervoso, 303,3 µg.Kg-1, enquanto na lagoa do Campelo os
valores foram de 49,7 µg.Kg-1 e 415,3 µg.Kg-1, respectivamente. Quando comparadas
amostras de tecido nervoso central de espécimes coletados na lagoa do Campelo com os
da lagoa de Cima, foi possível observar uma descompactação tecidual e o nucléolo mais
eletrondenso. A análise estrutural das amostras da lagoa do Campelo confirmou a
presença destes nucléolos eletrondensos com a fragmentação da cromatina,
caracterizando células apoptóticas. Estes resultados demonstram que mesmo com
concentração de Hg estatisticamente semelhantes, as alterações foram observadas apenas
nas amostras da lagoa do Campelo. Isto deve estar relacionado ao tempo de exposição
dos indivíduos ao metal, onde indivíduos com maior tempo de exposição sofrem
alterações mais evidentes. Este estudo parece indicar que o tecido nervoso de H.
malabaricus é um bom indicador de contaminações ambientais pretéritas de Hg. |