No ecossistema de manguezal, a serapilheira é uma das principais fontes de
nutrientes para as costas tropicais e sub-tropicais, sendo disponibilizada aos
consumidores por meio da cadeia de detritos, principalmente, contribuindo para a
fertilidade das águas estuarinas e costeiras. Neste estudo, a serrapilheira foi
coletada através das cestas coletoras de 0,7 x 0,7 m (0,49 m2), forradas com tela
de nylon de 1 mm. Os bosques monodominantes das espécies típicas de mangue
foram identificados (L. racemosa, A. germinans e R. mangle) para alocação das
cestas coletoras no manguezal do estuário do rio Paraíba do Sul. Em cada bosque
foram instaladas 7 cestas coletores à 5 m de distância da margem do canal,
totalizando 21 coletores de serapilheira. A serapilheira foi coletada quinzenalmente,
por um período de um ano (janeiro a dezembro de 2005), totalizando 24 coletas. A
determinação de macro e micronutrientes foi realizada no equipamento ICP-AES e
a determinação da composição isotópica do C e N foram feitas em espectrômetro
de massa ThermoQuest Finnigran Delta Plus acoplado a CHN Ceinstruments 1110.
A concentração média anual dos macronutrientes na fração folhas de serapilheira
seguiu a seguinte ordem para Laguncularia racemosa: C<Ca<N<K<Mg<Na<P;
para Avicennia germinans: C<N<K=Na<Mg<Ca<P e para Rhizophora mangle:
C<Ca<Na<N<Mg<K<P. O aporte de macronutrientes da serapilheira para o
sedimento seguiu a seguinte ordem para L. racemosa: C<Ca<N<K<Mg<Na<P;
para A. germinans C<N<K<Na<Mg<Ca<P e para R. mangle:
C<Ca<Na<N<Mg<K<P. R. mangle apresentou maior aporte de macroelementos,
porém sua taxa de decomposição verificada por Matos (2007) foi mais lenta
comparada às demais espécies. A. germinans apresentou menor contribuição de
macroelementos para o estuário, no entanto, esta espécie mostrou maior
velocidade de decomposição. Dessa forma conclui-se que A. germinans tem
contribuído mais na ciclagem dos macroelementos para o sedimento, comparada
às demais espécies. Neste estudo, para os microelementos, com exceção do
elemento Fe, a espécie A. germinans apresentou maiores concentrações quando
comparadas às demais espécies. Devido à sua maior velocidade de decomposição, é possível sugerir que esta espécie tem grande contribuição para a
ciclagem de microelementos no manguezal do estuário do rio Paraíba do Sul. Para
o elemento ferro, L. racemosa apresentou maior concentração e aporte. Isto sugere
um mecanismo de translocação ou de eliminação deste elemento via queda de
folhas. |