Os metais pesados participam da dinâmica de ecossistemas lóticos sendo
potencialmente incorporados basicamente por 3 compartimentos: sedimento fluvial,
coluna d’água e biota. O aguapé é uma macrófita aquática útil como planta modelo
do compartimento biótico por sua característica de bioacumular metais pesados sem
aparentes sintomas de estresse. O ecossistema avaliado neste estudo é o rio
Paraíba do Sul (RPS) que possui vital importância para o sudeste, já que seu leito
assume várias funções para população de sua bacia. Do ponto de vista ecológico,
os rejeitos antrópicos são a forma mais pronunciada de impactar o RPS. Entre os
rejeitos, destacam-se os metais pesados por serem bioacumulativos e nãodecomponíveis. Este trabalho objetivou avaliar a dinâmica de metais pesados (Mn,
Fe, Cu, Zn, Ni, Cr e Pb) em função de suas variações espaciais (três locais de coleta
no RPS e um local no rio Imbé, o qual foi tomado por controle) e temporais (duas
estações do ano em dois anos de coletas). Para isto foi utilizado o aguapé como
planta modelo do compartimento biótico (amostras separadas em quatro partes:
limbo e pecíolo foliares, raízes jovem e adulta) e amostras de sedimento fluvial e
séston (material particulado aderido as raízes de aguapé) como componentes
abióticos do sistema. Além disto, foram medidos parâmetros físico-químicos para
subsidiar a discussão dos dados. Todas as amostras foram submetidas à digestão
química baseada no emprego de ácidos fortes concentrados sob elevada
temperatura e pressão. A concentração dos metais pesados foi obtida pela leitura
dos extratos em espectrofotômetro de emissão atômica acoplado a plasma induzido
(ICP-AES). Entre as quatro partes vegetais, foi observado que as raízes são o
principal local de acúmulo de metais pesados e que não houve diferença estatística
entre as partes da folha analisada (limbo e pecíolo). Como esperado, o rio Imbé
apresentou baixas concentrações da maioria dos metais. Dos quatro locais
amostrados, apenas o Baixo RPS mostrou dinâmica temporal que se repetiu nos
dois anos de amostragem. A região do Médio RPS, em geral, apresentou as maiores
concentrações de metais em plantas, principalmente Cr (82,3 e 106 μg.g-1, raiz
jovem e adulta respectivamente) que se equiparou a valores de rios conhecidamente
poluídos por este metal. Estes elevados valores foram relacionados à presença de
indústrias de metalurgia e siderurgia nesta região. A região do Alto RPS mostrou um
descompasso temporal acentuado entre pluviosidade e vazão do RPS. Talvez este
descompasso explique a ausência de dinâmica sazonal para a maioria dos metais
pesados analisados nesta região. |