Biologia de nidificação e estratégias de manejo de Xylocopa ordinaria e Xylocopa frontalis (Hymenoptera: Apidae) no norte do Rio de Janeiro

Autor Orientador Instituição Programa Nível do Programa Data da defesa
André Sarlo Bernardino Maria Cristina Gaglianone UENF Ecologia e Recursos Naturais Mestrado 11 de Abril de 2008
Descrição Livre Espécie Substância Química Localização
Fauna, Restinga Xylocopa ordinaria e Xylocopa frontalis (Hymenoptera: Apidae) (Animal) NA Campos dos Goytacazes, São João da Barra, São Francisco do Itabapoana
Tags Trabalho completo
| Bioesfera | Infiltração | Evapotranspiração | Interceptação | Bioma | Econômica | Natural | Acessar
Resumo

A importância econômica e ecológica do serviço de polinização tem sido demonstrada em trabalhos recentes e muita atenção voltada ao conhecimento das abelhas nativas para sua utilização racional em áreas naturais e agrícolas. Dentre essas se encontram as mamangavas do gênero Xylocopa. No norte do estado do Rio de Janeiro, Xylocopa ordinaria e Xylocopa frontalis são indicadas como espécies essenciais à produção de frutos nos plantios de maracujá-amarelo e na polinização de plantas nativas. Este trabalho tem o objetivo de analisar a biologia de X. ordinaria e X. frontalis na região norte do estado do Rio de Janeiro, bem como seus comportamentos de nidificação, fornecendo dados ecológicos à conservação e manejo sustentável destas abelhas. O estudo foi realizado entre ago/2006 e dez/2007 em um Rancho de Criação de Abelhas na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), onde fêmeas e machos destas espécies foram observados quanto ao comportamento em ninhos. Descrições dos comportamentos de escolha do substrato, fundação de ninhos, desidratação de néctar e interações entre indivíduos co-genéricos foram analisadas. A atividade diária foi observada em indivíduos marcados com tinta e numerados no tórax. Ninhos de ambas as espécies foram abertos para estudo da estrutura interna e análise polínica do aprovisionamento. As fêmeas de X. ordinaria e X. frontalis utilizaram Eucalyptus sp., Pera glabrata e Terminalia sp. como substratos de nidificação, enquanto colmos de bambu foram utilizados somente por X. frontalis. A fundação de ninhos novos de X. frontalis ocorreu entre dez e abril, enquanto que para X. ordinaria este processo foi observado durante todo o ano. Entretanto, ninhos ativos de ambas as espécies podiam ser observados ao longo do ano. Fêmeas reutilizaram ninhos previamente escavados por outras fêmeas da mesma espécie. Para ninhos de X. ordinaria observou-se maior número de canais em substratos com maior circunferência. A largura dos canais dos ninhos e dimensões das células de cria de X. ordinaria foram menores do que as observadas para X. frontalis. Contudo, não houve diferença significativa quanto às dimensões das células de machos e fêmeas da mesma espécie, ocorrendo tendência à produção de maior número de fêmeas em ninhos de ambas as espécies. Fêmeas investem a maior parte do tempo em atividades dentro do ninho, seguida de coletas de néctar, pólen e desidratação de néctar, enquanto machos realizam apenas vôos esporádicos. A temperatura e/ou umidade relativa influenciaram fracamente o tempo de duração dos vôos para coleta de pólen ou néctar, sendo que o tempo investido por fêmeas nas coletas de pólen e néctar não diferiu significativamente entre os comportamentos, nem entre espécies. Os recursos polínicos utilizados por X. ordinaria e X. frontalis apresentaram uma sobreposição maior que 40%. Embora sejam espécies poliléticas, ambas apresentaram grande constância floral no aprovisionamento de suas células de cria. Cissites maculata (Coleoptera) e uma espécie de Diptera foram os inimigos naturais encontrados nos ninhos. Embora não tenham sido encontradas diferenças significativas no comportamento de X. ordinaria e X. frontalis, aspectos da arquitetura dos ninhos e do ciclo reprodutivo, como período e quantidade de prole produzida por ano, devem ser considerados na escolha destas espécies para a conservação e manejo sustentável.

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