Os objetivos do presente trabalho foram verificar a distribuição de mercúrio
total (Hg-Total) nos sedimentos do rio Paraíba do Sul (RPS) e da Margem
Continental da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil, assim como, identificar
os principais suportes geoquímicos nestes sedimentos, responsáveis pelas taxas
de acumalação/liberação do Hg. A área de estudo do rio Paraíba do Sul foi
dividida em 4 regiões: porção fluvial, mangue,estuário principal e estuário
secundário, cada região com 5 pontos de coleta, totalizando 20 pontos de
amostragem. A área de estudo da Margem Continental foi dividida entre região
Norte e Sul, com 20 e 24 estações de coleta, respectivamente, em diferentes
profundidades (750 m, 1050 m, 1350 m, 1650m e 1950 m). A distribuição de HgTotal no RPS a presentou uma alta variação de 1 a 158 ng.g-1. As regiões do mangue e Porção Fluvial apresentaram as maiores concentrações de Hg-Total
seguido do Estuário Principal e Secundário. Os valores de Al, Fe e Mn variaram de
3 a 28 mg. g -1; 3 a 52 mg.g-1 e 50 a 1050 µg.g -1 (total), e de 0,4 a 4 mg.g-1 ;0,6 a
18 mg.g-1; 18 a 985 µg.g -1 (reativo), respectivamente. Os valores mais elevados de HgT, Al, Fe e Mn foram observados onde se obteve os maiores teores da fração silto-argilosa. Foi observado correlações positivas significativas do Hg-Total com o Al total, Fe total, Mn total, Al reativo, Fe reativo, Mn reativo, fração silteargila e teor de carbono. A faixa de Hg obtida nesta área de estudo (1 a 158 ng.g1) é considerada baixa em comparação a áreas contaminadas, apesar do histórico de garimpo e do uso de fungicidas organomercuriais na região. Em relação à margem continental as concentrações de Hg-Total nos sedimentos variaram de 10 a 23ng.g-1 para a região norte e 14 a 27 ng.g-1 para a região sul. O Al, Fe e Mn apresentaram valores médios de 29±14 mg.g-1, 15±6 mg.g-1 e 253±83µg.g-1 , respectivamente. O carbonato apresentou concentração média de 29,8±10,8 % e o carbono orgânico de 11,3±3,6 %. As relações entre o Hg-Total e a fração silteargila, Al reativo e Mn reativo apresentaram correlações positivas significativas.
Foi observado que a maior parte do mercúrio total analisado se encontra na porção fracamente ligada (60 a 70 %), isto pode representar uma importante fonte dentro da escala regional no ciclo biogeoquímico do Hg.Nestes sedimentos a
fração silte-argila juntamente com os oxi-hidróxidos de Al e Mn são os principais
controladores, enquanto no RPS existe uma complexa interação entre os
suportes geoquímicos orgânicos e inorgânicos. As concentrações de Hg-Total na
margem continental, estão abaixo dos valores descritos para a Plataforma
Continental adjacente (~40ng.g-1).Os resultados observados neste estudo
sugerem que o manguezal atua como uma área de retenção do Hg , enquanto a
zona estuarina age como fonte e sumidouro para o ecossistema marinho. |