Os ecossistemas de Restinga originaram-se de processos de regressão marinha durante o período Quaternário. Esses processos deixaram enormes faixas de areia desnuda, que posteriormente foram colonizadas por plantas de ecossistemas vizinhos, como os de Floresta Estacional Semidecidual sobre Afloramentos Rochosos (FAR). Para que as espécies colonizadoras se adaptassem as novas condições ambientais impostas pelas Restingas, foi necessário o desenvolvimento de novas características estruturais e fisiológicas para permitir sua adaptação ao novo ambiente. Deste modo, o presente trabalho busca compreender quais características estruturais e fisiológicas das folhas permitiu com que espécies de Myrciaria floribunda de FAR colonizassem as áreas de Restinga, visto que as condições ambientais são distintas entre os dois ecossistemas. A M. floribunda foi coletada e processada segundo técnicas usuais em microscopia óptica, incluindo histoquímica, microscopia eletrônica de varredura e transmissão, para avaliar as principais características estruturais da espécie. Além disso, foram realizadas análises de emissão de fluorescência da clorofila a para avaliar o rendimento quântico do Fotossistema II (PSII) e análises nutricionais. Como principais resultados foram observados folhas com maiores valores de suculência, massa foliar por área (MFA) e espessura para os parâmetros morfológicos no ecossistema de Restinga. Os parâmetros anatômicos desta área demonstraram tecidos mais espessos, como o parênquima paliçádico e a lâmina foliar. Membranas tilacóides apresentaram alto grau de desorganização e inúmeros plastoglóbulos nos cloroplastos das folhas de M. floribunda de Restinga. No entanto, maiores valores de área e de densidade foliar foram encontrados no ecossistema de Floresta. Cloroplastos com formato normal e sem desorganização das membranas também foram encontrados nas folhas de M. floribunda neste ecossistema. Estas diferenças estruturais se mostram como respostas adaptativas obtidas pela planta, para a sobrevivência no ecossistema de Restinga e na Floresta Estacional Semidecidual. Deste modo, observa-se alta plasticidade fenotípica em M. floribunda para os atributos analisados, viabilizando sua sobrevivência nos ambientes estudados.
Palavras-chave: Atributos Anatômicos, Cambuí, Ecofisiologia, Ambientes Contrastantes |