Salvinia auriculata é uma macrófita aquática flutuante com ampla distribuição nos
sistemas aquáticos. Segundo a literatura científica esta macrófita é encontrada em
ambientes de água doce. Entretanto, S. auriculata tem demonstrado grande
plasticidade em colonizar ambientes alagados próximo ao mar. Desta forma, este
estudo teve como objetivo elucidar os efeitos da salinidade sobre S. auriculata e
inferir explicações sobre como estas plantas se desenvolvem em ambientes
ligeiramente salobros. O primeiro capítulo descreve um experimento realizado em
câmara de germinação com fotoperíodo de 12 horas, temperatura de 20 ºC noturno
e 25 ºC diurno e concentrações de 0, 50 mM, 100 mM e 150 mM de NaCl. Nesta
etapa foram avaliados o conteúdo nutricional, biomassa fresca e seca, teor de
pigmentos fotossintéticos, teor de prolina e produção de NO. Após cinco dias de
experimento com salinidade induzida por NaCl verificou-se o decréscimo do
conteúdo nutricional com exceção do N. Isto ocorreu devido à competição iônica
pela absorção destes nutrientes em presença de elevada concentração de Na+
e Cl-
.
O teor de clorofila b e clorofila total diminuiram e o teor de clorofila a, razão clorofila
a/ clorofila b e carotenóides aumentaram. Estes resultados sugerem que a
salinidade afeta negativamente o aparato fotossintético. A biomassa das plantas
submetidas ao tratamento com 50 mM do sal, assim como o conteúdo de clorofila a
e pigmentos totais foram maiores quando comparada a biomassa daquelas
submetidas aos demais tratamentos, sugerindo que S. auriculata tem um bom
desenvolvimento em ambientes oligohalinos. O teor de prolina aumentou
significativamente nas plantas submetidas ao tratamento com 150 mM. A produção
de NO extracelular e intracelular foi maior nas plantas com duas horas de incubação
do que nas plantas com 5 dias de incubação na solução com as diferentes
concentrações salinas. Isto se deve ao fato do NO apresentar maior atuação em um
tempo curto de duração como um sinalizador para tolerância a salinidade. O
segundo capítulo apresenta resultados de um experimento realizado em casa de
vegetação onde as plantas foram submetidas as concentrações 0, 100 e 200 mM de
NaCl e Na2SO4 em unidades experimentais individuais. Nesta fase também foram
avaliados o conteúdo nutricional, teor de pigmentos fotossintéticos, teor de prolina,
anatomia e adicionalmente a ultraestrutura foliar de S. auriculata. Após sete dias de
experimento foi verificado nos tratamentos salinos a diminuição do conteúdo dos
íons Ca2+, K+, Mg2+, P, N e do teor de pigmentos fotossintetizantes em S. auriculata corroborando trabalhos anteriores. O teor de prolina mostrou uma tendência ao
incremento quando comparado ao controle. Nos fragmentos das folhas de S.
auriculata observados sob microscópio óptico foram visualizadas mudanças na
estrutura das células do parênquima paliçádico e na estrutura dos cloroplastos das
plantas submetidas aos tratamentos salinos. A microscopia eletrônica de
transmissão evidenciou uma desorganização das membranas internas e externas
dos cloroplastos das células das plantas submetidas à salinidade além de maior
quantidade de grãos de amido. O microscópio eletrônico de varredura evidenciou a
integridade dos tricomas e das células do limbo foliar de S. auriculata submetida ao
tratamento controle e alteração na morfologia das células provocadas pela
salinização. Para todos os efeitos avaliados foi observado que o incremento na
concentração do sal Na2SO4 resultou em maior dano em S. auriculata. |