A descrição de padrões de distribuição espacial dos insetos é importante para o
entendimento da estrutura das comunidades biológicas. Neste trabalho, a estrutura
de guildas de abelhas e vespas que nidificam em ninhos-armadilha ao longo de um
gradiente altitudinal foi caracterizada em um fragmento de floresta estacional
semidecidual com afloramento rochoso, Morro do Itaoca (300 ha, altitude máxima
de 414 m), Campos dos Goytacazes, RJ. Entre mar/2009 e abr/2010, foram
instalados ninhos-armadilha em gomos de bambu e tubos de cartolina em nove
estações de amostragem localizadas em três altitudes: 50 m (P1, P2, P3); 200 m
(P4, P5, P6) e 400 m (P7, P8, P9). A comparação abiótica durante os meses de
setembro e fevereiro incluiu dados de temperatura, umidade relativa do ar,
velocidade do vento e cobertura do dossel nas altitudes amostradas. Abelhas dos
gêneros Megachile (5 espécies), Epanthidium (1), Centris (3), Xylocopa (1),
Eufriesea (1) e Euglossa (2) e vespas dos gêneros Trypoxylon (3), Auplopus (1),
Pachodynerus (1), Zethus (1) e Monobia (1) ocuparam 726 ninhos-armadilha.
Dentre os ninhos coletados, 223 foram fundados a 50 m (504 indivíduos
emergentes), 338 ninhos a 200 m (758 emergentes) e 165 a 400 m (340
emergentes), sem diferenças significativas na abundância de ninhos e de
emergentes entre as altitudes amostradas. A biodiversidade foi maior a 200 m (50
m: H’= 1,032; 200 m: H’= 1,399; 400 m: H’= 0,948), com diferença significativa entre
50m e 200m t= -2,98; p= 0,0029) e 200 m e 400 m (t= 3,43; p= 0,00065). A
similaridade da comunidade estudada entre as três altitudes alcançou 70%, sendo
maior do que 80% entre 50 m e 200 m. A análise das curvas de rarefação das
riquezas estimadas evidenciou que houve diferença significativa nos gradientes de
altitude. A família mais abundante de inimigos naturais (Ichneumonidae) parasitou
11, 25 e 13 ninhos nas altitudes de 50, 200 e 400 m, respectivamente. Os demais
inimigos naturais pertenceram às famílias Megachilidae, Chrysididae, Meloidae,
Bombyliidae, Sarcophagidae e a uma espécie da Ordem Lepidoptera, parasitando
25, 25 e 22 ninhos nas altitudes de 50, 200 e 400 m, respectivamente. O padrão de
distribuição altitudinal analisado pela abundância de ninhos e de emergentes e pela
diversidade da comunidade amostrada mostrou-se congruente com o padrão
descrito como unimodal-parabólico, caracterizado pelos maiores valores dessas
características na altitude intermediária. |