A despeito de sua importância ecológica, social e econômica, o manguezal do rio
Paraíba do Sul tem sofrido redução de sua cobertura e da qualidade de suas áreas
remanescentes, devido a impactos gerados por atividades antrópicas. Essa situação
de mudança do ecossistema de manguezal pode alterar o fluxo de bens e serviços
fornecidos a população local, estando o homem no centro desta problemática. Neste
sentido, o presente estudo investiga o entendimento e a percepção ambiental da
população sobre o ecossistema de manguezal, sua importância e os problemas
ambientais que o ameaçam, bem como busca estimar a disposição a pagar (DAP)
destes indivíduos, com valores monetários e/ou horas de trabalho voluntário pela
restauração do manguezal em questão. Os dados foram coletados através da
aplicação de questionários estruturados e realização de um Experimento de
Escolha, técnica de valoração econômica empregada. Ao todo 318 entrevistas foram
conduzidas nos municípios no entorno do manguezal, São João da Barra e São
Francisco de Itabapoana, entre Junho e Novembro de 2012. Os resultados
demonstram que a população conhece as funções sociais e ecológicas do
manguezal, reconhecendo sua importância e percebe que problemas ambientais
ameaçam o bom funcionamento desse ecossistema. Além disso, a população
apresenta preferência pela restauração do manguezal, tal que maiores níveis de
qualidade promovem maior utilidade desses indivíduos, comparativamente a níveis
menores, com DAP variando entre R$ 1,85 e 9,41 mensais. Os resultados
demonstram que a realização de trabalho voluntário e pagamento pela restauração
contribuem negativamente para a utilidade dos entrevistados. Ambas as atividades
consistem em contribuições (custos) para os respondentes, de modo que foi
encontrado um trade-off entre tais contribuições: a realização de trabalho voluntário
adicionalmente ao pagamento resulta em DAP negativa (R$ - 5,39 a R$ - 5,17). A
população prefere uma restauração completa no tempo de 11 a 20 anos para o
manguezal, em comparação aos piores cenários, de modo que o valor das
contribuições por tal nível de restauração varia de R$ 85,65 a R$ 111,80 anuais, por
pessoa, que corresponde a uma faixa de 56 a 74 milhões de reais (ao final de 20
anos), ou ainda 15 a 20 mil reais ao ano, por hectare de manguezal recuperado; tais
valores encontram-se dentro da faixa descrita na literatura para o ecossistema de
manguezal. Assim, este estudo contribuiu com informações sobre os benefícios da
restauração do manguezal do rio Paraíba do Sul, que comparados a uma análise
dos custos de implantação de programas de restauração, podem orientar as partes
interessadas sobre a viabilidade de se restaurar o ecossistema estudado. Além
disso, os valores encontrados podem servir como referência para o estabelecimento
de penalidades, como multas e compensações financeiras, a serem aplicadas em
casos de dano ambiental. |