Dois experimentos hidropônicos independentes foram realizados com plantas de
aguapé (Eichhornia crassipes) a fim de avaliar sua capacidade de acumulação e
tolerância a arsênio (As) (1), bem como a influência do As na absorção de fosfato
(PO43-) e nitrato (NO3-) pela planta (2). Em ambos os experimentos As foi adicionado
na solução nutritiva na forma de arsenato (AsO43-) nas concentrações 0,0; 0,2; 2,0 e 20 mg.L-1. No primeiro experimento (1) as plantas foram submetidas a três tempos de exposição ao metaloide, 0, 48 e 96h, sendo retiradas amostras vegetais e da
solução nutritiva, e medidos os parâmetros ecofisiológicos (trocas gasosas,
fluorescência da clorofila a e teor de pigmentos fotossintetizantes) em cada tempo.
Em geral, o teor de As na planta aumentou com o incremento desse elemento na
solução nutritiva, sendo retido preferencialmente na raiz, o que é confirmado pelo
baixo fator de translocação de As encontrado nas plantas. Diminuição significativa
na taxa fotossintética líquida, condutância estomática, clorofilas a e b e as razões
Fv/Fm e Fv/F0 ocorreu a partir de 48h para os tratamentos de 2,0 e 20 mg.L-1. Os
indivíduos expostos ao tratamento de 0,2 mg.L-1 não apresentaram
comprometimento de suas funções ecofisiológicas, além de possuírem elevado fator
de bioacumulação indicando que as plantas foram mais eficientes na remoção de As
do meio quando submetidas a baixas concentrações. No segundo experimento (2)
foram analisadas somente amostras da solução nutritiva, coletadas durante quatro
dias em intervalos que variaram entre minutos e horas. Valores decrescentes na
concentração do metaloide e de ambos os nutrientes foram observados no primeiro
dia, seguido por valores crescentes até o final do experimento, destacando-se o
tratamento de 20 mg.L-1. O As diminuiu a absorção de PO43- e NO3- por E. crassipes
nas concentrações de 2,0 e 20 mg.L-1, provavelmente devido a diminuição da taxa
fotossintética, observada no primeiro experimento. No tratamento de 0,2 mg.L-1 a
variação dos nutrientes na solução nutritiva manteve um padrão semelhante ao
tratamento controle, sugerindo que nesta concentração As não prejudicou a
absorção de nutrientes pela planta. A partir dos resultados do presente estudo é
possível inferir que sob as condições experimentais impostas As acarreta
comprometimento metabólico e prejuízo na assimilação de nutrientes em E. crassipes a partir de 48 horas de exposição ao metaloide, para os tratamentos de 2,0 e 20 mg.L-1. |