Florestas maduras, com destaque para as florestas tropicais, atuam como
verdadeiros sumidouros de carbono, retirando CO2 da atmosfera e mantendo o
carbono estocado na forma orgânica como biomassa viva, sendo depois liberado
lentamente pelo processo de decomposição da matéria orgânica morta. O efeito de
borda gerado pela fragmentação de florestas pode levar a mudanças no microclima
das bordas, aumentando as taxas de mortalidade de espécies arbóreas. A
necromassa vegetal compõe-se de toda a massa morta de origem vegetal presente
em ecossistemas florestais. O objetivo principal deste estudo foi o de quantificar os
estoques de necromassa fina e grossa, e estimar as taxas de respiração
heterotrófica destas, comparando a borda e o interior de fragmentos de floresta
estacional semidecidual de Mata Atlântica do norte fluminense. Foram selecionados
cinco fragmentos de Mata Atlântica de tabuleiros, de diferentes tamanhos, no
município de São Francisco do Itabapoana: a EEEG, Mata do Carvão (1200 ha);
Fazenda Imburi (13 ha); Fazenda Santana (35 ha); Fazenda Palmeiras (49 ha); e
Fazenda Santo Antônio (55 ha). As coletas foram realizadas no período de outubro
de 2012 a março de 2013 em dois transectos na borda e dois no interior de cada
fragmento. A necromassa grossa foi amostrada pelo método LIS (Line Intersect
Sample) e a necromassa fina por quadrats (50 cm x 50 cm) e triada em folhas,
galhos e resto. A respiração heterotrófica foi determinada com um analisador de CO2
por infravermelho em câmara fechada. Não houve diferenças entre a borda e o
interior dos fragmentos para os estoques de necromassa grossa e fina. A EEEG
apresentou o menor estoque de necromassa fina da fração folhas e a Fazenda
Palmeiras o maior estoque de necromassa grossa. A respiração heterotrófica da
necromassa apresentou relação fortemente positiva com a umidade da necromassa,
e diferiu significativamente entre as áreas de borda e interior, sendo maior no interior
dos fragmentos. Os valores de estoque de necromassa fina e grossa encontrados
estão dentro do contexto para as áreas de Mata Atlântica. A hipótese de que o
estoque de necromassa seria maior na borda dos fragmentos foi rejeitada. Já a
hipótese de que a respiração heterotrófica da necromassa, em geral, é menor na
borda dos fragmentos foi corroborada. A umidade da necromassa foi o fator que
melhor explicou as variações na taxa de respiração heterotrófica. Portanto, o efeito
de borda alterou o funcionamento destas florestas estacionais quanto à liberação de
CO2 pela respiração heterotrófica da necromassa. |