Os manguezais têm reconhecido papel no ciclo biogeoquímico da matéria orgânica, tendo importância fundamental nos serviços ambientais costeiros das regiões tropicais e subtropicais. No que tange a matéria orgânica, este ecossistema está entre os mais produtivos do planeta, onde a exportação de material é processada através de macro detritos, material particulado (fino e grosso) e dissolvido. O estudo foi desenvolvido em uma das regiões com maior área de mangue do estado do Rio de Janeiro e encontra-se diretamente associado a um importante sistema fluvial da região sudeste do Brasil, o rio Paraíba do Sul. O objetivo do presente estudo foi caracterizar e quantificar a MOP e MOD de um canal de maré no manguezal do estuário do rio Paraíba do Sul em três situações distintas, estação seca (marés de quadratura e sizígia) e estação chuvosa (maré de sizígia). De acordo com os dados da composição elementar e isotópica foi possível identificar o manguezal como a principal fonte da MOP e MOD para o canal de maré na estação seca, principalmente na maré de sizígia. Na estação chuvosa, a fonte predominante da MOP foi o manguezal. Em relação à fração dissolvida, a MOD fluvial se sobrepôs ao sinal isotópico da vegetação do manguezal na estação chuvosa. Na estação chuvosa e maré de sizígia a MOP foi predominantemente originada do manguezal, enquanto para a MOD houve um predomínio de origem fluvial. O canal de maré do manguezal do estuário do RPS investigado no presente estudo se comportou como exportador de MO em todas as amostragens. A magnitude de exportação do carbono orgânico através do canal de maré foi dependente do tipo de ciclo de maré (quadratura ou sizígia) e da estação do ano (seca ou chuvosa). Durante a estação seca houve maior exportação de materiais na maré de sizígia comparada à maré de quadratura, predominando a MO exportada de origem do manguezal. Sazonalmente, os maiores valores exportados de MO foram encontrados na estação chuvosa, com a maior quantidade de MO exportada de origem fluvial como reflexo do aumento no influxo da MO transportada pelo RPS. Com os resultados obtidos no presente estudo foi possível identificar a importância do manguezal na estação seca, principalmente na maré de sizígia, e maior influência do aporte fluvial durante a estação chuvosa na exportação de MO para a região estuarina e costeira adjacente. |