Distribuição de aves aquáticas em um cordão de lagoas costeiras do Norte Fluminense

Autor Orientador Instituição Programa Nível do Programa Data da defesa
Davi Castro Tavares Salvatore Siciliano UENF Ecologia e Recursos Naturais Mestrado 7 de Fevereiro de 2014
Descrição Livre Espécie Substância Química Localização
Fauna, Lagoa, Áreas Úmidas, Restinga Aves aquáticas NA Quissamã
Tags Trabalho completo
| Bioesfera | Evapotranspiração | Bioma | Social | Natural | Acessar
Resumo

Áreas úmidas continentais se distribuem como mosaicos, e portanto diferem entre si quanto à composição e abundância das aves aquáticas. Em vista disso, cada espécie seleciona áreas com características mais adequadas à sua alimentação, sobrevivência e reprodução. O conjunto de características abióticas que influenciam a distribuição de aves se define como habitat. Não há dúvidas de que a perda de habitat está entre as principais ameaças às aves em todo o planeta. Por outro lado, existe pouca informação sobre os padrões de utilização do habitat por aves aquáticas na região tropical. O presente estudo foi divido em dois capítulos. O primeiro teve os objetivos de: (i) testar se a abundância e a diversidade de aves variam entre os períodos seco e chuvoso em lagoas costeiras do norte fluminense; (ii) testar a hipótese de que existe maior abundância e diversidade de aves no interior do PARNA da Restinga de Jurubatiba. Já o segundo capítulo teve o objetivo principal de: (i) testar a hipótese nula de que as espécies de aves aquáticas se distribuem uniformemente ao longo das diferentes condições de habitat. Visitas mensais foram conduzidas às margens de 17 lagoas costeiras adjacentes à linha de praia em Quissamã, Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, entre maio de 2012 e abril de 2013. Em cada campanha, dados de abundância de aves e seis variáveis de habitat foram coletadas em 35 pontos dispostos linearmente, a cada 1 km de praia. As 74 espécies não-passeriformes listadas totalizaram 68,5% das 108 espécies de aves aquáticas com ocorrência no estado do Rio de Janeiro. Não houve diferença significativa entre a abundância média de aves entre o período seco (488 aves/km²) e úmido (680 aves/km²). Por outro lado, a diversidade de aves foi maior no período seco (0,86) do que no úmido (0,55). Não houve diferenças significativas na abundância e diversidade de aves entre lagoas dentro e fora dos limites do PARNA da Restinga de Jurubatiba. No entanto, áreas desprotegidas apresentaram os maiores índices de diversidade. Os resultados da análise multivariada significam que algumas espécies de aves migratórias ou ameaçadas ocorreram principalmente fora da unidade de conservação. Aves limícolas e catadoras tiveram sua variação de abundância explicada pela salinidade, tipo de fisionomia e profundidade mínima da coluna d’água, enquanto aves pescadoras estiveram associadas a salinidade, pH e fisionomia. Aves pernaltas, mergulhadoras e vasculhadoras se distribuíram uniformemente em função das variáveis aqui investigadas. A disponibilidade de alimento possui um papel chave na distribuição espacial desses grupos de espécies. Aves limícolas, catadoras e pescadoras evitaram ambientes de pasto alagado. O primeiro grupo foi mais abundante em salinidades entre 30 e 110, enquanto o segundo foi mais abundante em salinidades inferiores à 10. Já aves pescadoras utilizaram águas com pH caracteristicamente neutro (7-7,9). Lamaçais e turfeiras foram os ambientes mais utilizados por aves limícolas, ao passo que lagoas com ou sem predominância de vegetação subaquática foram os ambientes mais utilizados por aves pescadoras. Aves catadoras utilizaram basicamente áreas com fisionomia de brejo. Os padrões de utilização de habitat aqui relatados não ocorreram em virtude de diferenças na disponibilidade regional das variáveis investigadas. Logo, os resultados aqui obtidos sugerem que as aves aquáticas exibem padrões de preferência e evitação de algumas das condições de habitats específicas mencionadas acima. Por fim, grupos de aves que dependem de condições de habitat opostas, como aves catadoras e limícolas em relação a salinidade, estão entre as espécies mais negativamente afetadas pela perda de heterogeneidade de habitats.

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