O comportamento de forrageio, assim como as estratégias alimentares de garças está relacionado principalmente com fatores como: a disponibilidade de presas, áreas de alimentação que exploram e presença de distúrbios antrópicos. O objetivo deste trabalho foi comparar o comportamento de forrageio de duas espécies de garças, Ardea alba e Egretta thula. O estudo visa responder as seguintes perguntas: (1) Há diferenças entre as espécies nas táticas de forrageio ou microhabitats favorecidos? (2) Há diferenças entre as espécies quanto ao tipo de forrageio solitário ou em grupo? (3) Há diferenças entre as duas espécies no tipo e tamanho de presa consumido? Há diferenças entre as espécies no sucesso de forrageio? (4) A presença de humanos ou bovinos domesticados na área de forrageio tem algum efeito no sucesso de forrageio? Qual espécie seria mais suscetível aos distúrbios humanos? Visitas semanais foram realizadas no Canal do Rio Quitingute, no Parque Estadual da Lagoa do Açú, entre abril a setembro de 2015, em quatro pontos de amostragens. Variáveis explicativas foram avaliadas: espécie, presença de distúrbios antrópicos, forrageio em grupo ou solitário. As variáveis respostas analisadas foram: táticas de forrageio, sucesso e recursos explorados. As variáveis foram verificadas com base nas metodologias de animal focal e observações diretas. Houve diferença significativa no uso das diferentes táticas entre as espécies, a tática Andar e dar bote no solo (ABS) foi a mais utilizada por Ardea alba e Andar e bicar na superfície da água (ABSA) foi a tática mais usada por Egretta thula (táticas ativas). Ambas as espécies forragearam solitariamente: A. alba forrageou solitariamente 64,8% das vezes e E. thula 96,9%. Houve pouca diferença quanto ao uso dos microhabitats, Gramínea foi mais usado por A. alba e E. thula utilizou a água e água com vegetação com maior frequência. A espécie A. alba explorou invertebrados terrestres, enquanto E. thula explorou mais os invertebrados aquáticos, e a diferença foi significativa. De abril a junho, invertebrado terrestre foi o recurso mais explorado por A. alba, sendo esse recurso o mais explorado em todos eventos de forrageio. Já E. thula não teve como preferência o invertebrado terrestre em nenhum mês de observação, forrageou os invertebrados aquáticos em maior frequência. As espécies A. alba e E. thula capturaram alimentos menores em uma maior quantidade. A espécie E. thula investiu mais no forrageio com maior retorno de presas do que A. alba. A eficiência de forrageio não diferiu entre as espécies, apesar das diferenças de número de tentativas e presas capturadas. A média de eficiência de A. alba (0,57) foi semelhante a de E. thula (0,51). A espécie A. alba foi mais agravada em relação aos distúrbios antrópicos, considerando o sucesso de forrageio. Os resultados mostraram que ambas as espécies são oportunistas, e seu comportamento alimentar está relacionado principalmente ao tipo de microhabitats que exploraram. O distúrbio antrópico é um fator que pode afetar o comportamento alimentar das espécies de aves pernaltas, e precisam de estudos mais avançados para compreender o efeito direto de tais variáveis. |